Monday, October 29, 2007

Floresta e agressões a menores preocupa GNR




Desde Janeiro já arderam nos concelhos de Azambuja, Alenquer e Cadaval perto de 180 hectares de floresta. Um número preocupante se se tiver em conta que quase metade dessa área ardeu em quinze dias.


O destacamento da GNR de Alenquer que engloba os concelhos de Alenquer, Azambuja e Cadaval, registou 194 focos de incêndio na sua área de actuação. Os números são preocupantes, até porque segundo o Tenente Pedro Ramos comandante do destacamento, quase metade da área ardida, está relacionada com incêndios depois da época.
Em entrevista ao Vida Ribatejana, Pedro Ramos salienta que esta é uma das principais preocupações das autoridades.
Entre 1 de Janeiro e 1 de Outubro arderam perto de 119,118 hectares. Contudo os números mais preocupantes relacionam-se apenas em quinze dias. De 1 a 15 de Outubro arderam 61, 75 hectares, tendo ardido ao todo perto de 180 hectares.
A maioria destes fogos, é segundo Pedro Ramos, “de 1 de Janeiro até Outubro e apanhando o período do Verão, é de origem desconhecida ou de fogo posto, ou de actos de vandalismo”. A partir de um de Outubro, o Tenente Ramos vinca que a origem dos focos poderá estar relacionada com as queimadas, que já são permitidas nesta época.
O operacional lembra a obrigatoriedade destas queimadas necessitarem de licenciamento por parte das autarquias, e que o desrespeito desta norma pode levar a coimas e a penas de prisão”.
O bom tempo aliado a algum vento está na origem do facto de muitas dessas queimadas terem tomado outras proporções.
Pedro Ramos vinca que o SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza) da GNR, diz que não adianta fugir ás autoridades e que nestes casos “todos os responsáveis foram identificados”.
Mas a GNR tem também um papel pedagógico nesta matéria. Pedro Ramos salienta que os militares para além de investigar, fazem também trabalho de prevenção, junto da população, verificando se as queimadas são legais.
Embora alguns fogos possam ter origem criminosa, não houve qualquer detenção por flagrante delito por parte dos militares do SEPNA. O assunto é da responsabilidade da Policia Judiciaria, que segundo apurou o Vida Ribatejana, tem alguns processos em mãos.
Esta é uma área sensível para GNR, que tem sedeado no destacamento em Alenquer uma viatura e um núcleo do SEPNA, para fazer face a questões ligadas ao meio ambiente.

Nove crimes contra menores

O NMUME (Núcleo Mulher e Menor) da GNR detectou durante este ano 9 agressões a menores e 48 relativas a crimes praticados entre cônjuges.
Ao todo foram abertos 57 processos crimes, num universo de 92 participações, elaboradas quer por familiares ou por vizinhos.
A ruralidade e a interioridade poderão estar na origem de grande parte destes crimes. Segundo o Tenente Pedro Ramos, face à região onde estamos inseridos, os números “são aceitáveis”.
Pedro Ramos, considera positiva a intervenção do NMUNE, alertando para o facto da especialização dos soldados, passar a ser fundamental neste tipo de casos.
O militar salienta entretanto que a maioria das situações encontradas pelos militares “são melindrosas” garantindo que “os militares do núcleo recebem formação específica para este tipo de situações” que passará pela formação nas áreas de psicologia, sociologia e psiquiatria.
Embora este núcleo abranja uma área considerável, Pedro Ramos garantiu ao Vida Ribatejana que o grupo consegue dar resposta ás situações que vão aparecendo.
Foi feito um trabalho junto das autarquias locais e das entidades que tratam da problemática, nomeadamente, “junto da comissão de protecção de crianças e jovens segurança social e tribunais” para “apelar à sensibilidade dos militares com formação específica nesta área e como tal tem vindo a corresponder ás expectativas”.
Existem 9 crimes contra menores denunciados junto da GNR. Contudo poderão existir muitos mais, já que é sabido que a delação de uma família ás autoridades pode trazer represálias.
Para o Tenente Pedro Ramos, essa é a parte mais difícil deste trabalho. O militar argumenta que a prática e a formação dos militares, contribuem também para que haja mais sensibilidade junto das famílias.
Todavia os nove casos identificados pelas autoridades foram denunciados por familiares. Essa é uma situação difícil e melindrosa, mas que “dentro do melindre dessa questão, os familiares mostram-se muito mais preocupados com o bem-estar das próprias crianças”
Em regra os processos são enviados para tribunal, que determinará o seguimento dos processos, que podem culminar, por exemplo, da retirada das crianças aos pais.

NIC com balanço positivo

O Núcleo de Investigação Criminal do destacamento de Alenquer da GNR apresenta um balanço positivo junto da população.
O grupo que não se vê no dia-a-dia fardado ou de arma em punho, é a espinha dorsal da investigação da GNR, cujos resultados no último ano têm sido positivos.
O NIC já investigou perto de 140 processos-crime e identificou 88 suspeitos, que estariam relacionados de uma forma ou de outra com esses processos.
No último ano, o Núcleo já realizou 118 inspecções a mando do tribunal, relacionadas com 104 furtos e 14 cadáveres.
O grupo “é bastante coeso, tendo em conta o número de inquéritos que estão a decorrer e o número de efectivos, que no nosso entender poderiam ser mais” salienta o Tenente Ramos “e é com base na coesão e no esforço dos militares que se têm conseguido bons resultados”.
Entre as acções do NIC, o Tenente Ramos destaca as apreensões de armas e a detecção de gado furtado em Aveiras de Cima, e mais recentemente a detenção de dois “indivíduos brasileiro aqui em Alenquer, aquando do roubo à funcionaria do Luis Simões”, vincando a colaboração que o núcleo tem desenvolvido com os postos territoriais.

NAT “CSI DA GNR”


O Núcleo de Apoio Técnico é aquilo que mais se assemelha ao CSI que estamos habituados a ver na televisão. Um grupo de operacionais recolhe os indícios em locais de crime, e neste ano o NAT já levou a cabo 131 inspecções.
Ainda assim, Pedro Ramos lembra que nem todos os locais são “susceptíveis de inspecção por parte do NAT”.
Até ao momento o NAT já identificou 47 indivíduos através de indícios de sangue e 77 através de objectos.
O grupo recolhe também as impressões digitais dos suspeitos, bem como outro tipo de indícios, que são posteriormente enviados para o laboratório de polícia científica para análise.
Em termos de comparação, não h+a dúvida que o CSI é um produto de ficção, contudo o Tenente Pedro Ramos assegura existirem semelhanças “em termos práticos” e que já trouxe algumas alegrias à investigação.

NES Núcleo Escola Segura na prevenção do abandono escolar

O último ano não deixa margem para dúvidas. O NES do destacamento de Alenquer que patrulha as escolas de Azambuja, Alenquer e Cadaval não teve mãos a medir.
Segundo os dados do destacamento, o núcleo elaborou 16 informações sobre situações de possível abandono escolar na região.
Para além dessa missão, o NES, tem também como objectivo o patrulhamento e a proximidade junto ás escolas e ainda acções de sensibilidade junto da comunidade escolar.
Entre as acções, o NES realizou no último ano 53 iniciativas com vista à segurança rodoviária, venda de produtos ligados à época do Carnaval, entre outros.
Ao longo de todo o ano, o NES envolveu nas suas acções as corporações de bombeiros, as autarquias, alunos e professores, num total de 750 pessoas, contando também com a envolvência de idosos dos municípios abrangidos pelo destacamento.