Tuesday, June 12, 2007

Pescador Resgatado do Tejo




CJá foi encontrado o homem que no passado sábado se atirou ás águas do Tejo, na praia da Casa Branca em Azambuja, para resgatar uma bóia de pesca.
José Fernando, mecânico de profissão há anos que fazia pesca naquele local, e o passado sábado parecia ser um dia igual aos outros.




A pescaria tinha sido combinada na quinta-feira da espiga. José Fernando e os amigos, encontravam-se frequentemente para a “farra”, mas desta vem apenas Fernando e outro amigo se afoitaram, no Tejo para a pesca.
Já era quase hora de almoço, quando José Fernando de 58 anos e um amigo, se puseram a caminho da margem sul do rio. Para tal tiveram de atravessar o Tejo a pé, e embora a maré já estivesse a encher, o conhecimento do local, trouxe a habitual confiança, para fazer aquele percurso, considerado perigoso por ter muito lodo e fundões.
Já a tarde ia alta, eram quase 17.30 e a pescaria pouco ou nada rendia. Num curto espaço de tempo, José Fernando viu partir-se a linha de pesca e uma das bóias acabou por se afastar uns metros da margem.
Segundo relatos do companheiro, José Fernando optou por se atirar à água, para resgatar a bóia. Indiferente aos apelos do colega para não o fazer.
Foi n uma fracção de segundos que tudo aconteceu. O amigo não consegue explicar o sucedido. Terá ficado em estado de choque por não ter conseguido ajudar a resgatar das águas do Tejo José Fernando.
Na altura, estavam por perto umas pessoas que tinham uma pequena embarcação. Foi com ela que tentaram resgatar a vitima que se afundava e que se mostrava impotente face à força da corrente.
Daí até ao apelo aos bombeiros, foi um instante. Os voluntários de Azambuja deslocaram-se de imediato para o local, mas o adiantado da hora e a falta de luminosidade, pouco deu para fazer, a não ser uma procura superficial no local e nas margens.
A praia da Casa Branca é conhecida pelos seus perigos. Os fundões o lodo e a falta de limpeza do rio, são o suficiente para todos os anos perderem-se vidas naquela zona.
Com o passar das horas, a angústia da família tem vindo a aumentar. A esposa e os filhos que não têm saído da praia à espera de notícias dos mais de cem bombeiros envolvidos nas buscas. A esposa, empregada de balcão em Azambuja e os filhos, todos maiores de idade, sabem que nada poderá trazer de volta José Fernando com vida. Apenas queriam que fosse encontrado o corpo, para poderem fazer um funeral digno em Vale do Paraíso, local onde José Fernando gostava de passar os seus dias em vida.
O corpo foi resgatado esta terça;feira pelas 22 horas. Segundo o comandante dos bombeiros locais, Pedro Cardoso, o corpo de Jose Fernando apareceu na boca do rio, a alguns quilometros do sitio de omde tinha desaparecido.
Mais de 20 embarcações e mergulhadores, pesquisaram o fundo do Tejo. A falta de luz e a poluição, dificultaram o resgate e para tornar o problema, os operacionais estabelecerem um perímetro e depois recorram à apalpação do terreno.

Uma vitima por ano


Nos últimos quatro anos, a praia da Casa Branca tem ceifado a vida pelo menos a uma pessoa por ano.
O ano passado, uma cidadã brasileira perdeu a vida naquele mesmo local, onde desapareceu José Fernando. Há dois anos, um munícipe do Cartaxo conhecido por “faquir” também foi arrastado pela corrente do Tejo. E há uns anos um jovem natural de Azambuja terá também encontrado a morte naquele local.
A praia da Casa Branca não é considerada como tal. As autoridades, nomeadamente os bombeiros de Azambuja, têm alertado para o problema, e apelado ao bom-senso dos veraneantes que escolhem aquele local para passar o dia, cometendo ás vezes alguns excessos.
Contudo, e porque não é reconhecida pelo INAG (Instituto Nacional da Água), a praia da Casa Branca, não tem acesso ás condições mínimas de segurança, como é o caso de um nadador-salvador. Os próprios bombeiros que muitas vezes patrulham o Tejo no verão, não têm condições para ter em permanência no local uma equipa para fazer face a qualquer emergência.
Pedro Cardoso comandante dos bombeiros, tem alertado os veraneantes para o perigo. Numa entrevista publicada no Vida Ribatejana em 2005 e propósito dos perigos no Tejo, o operacional salientou que a falta de cuidado e a ausência de bom-senso das pessoas, esta na origem de grande parte dos afogamentos.
O certo é que em Azambuja, quase não há ninguém que nunca tenha tomado banho na Casa Branca, e que por motivos culturais, tenha respeitado os poucos avisos de perigo no local.