Sunday, July 13, 2008

Obras para compensar aeroporto


Paulo Campos Secretario de Estado das Obras Públicas anunciou segunda-feira em Alenquer e em Azambuja um investimento de 197 milhões de euros até 2012 para compensar os habitantes destes concelhos pela mudança de localização do aeroporto da Ota para Alcochete.


Os investimentos agora anunciados pelo governo na região, têm por base novas acessibilidades e novas estradas, há muito reivindicadas pelos municípios de Alenquer e Azambuja e que foram negociadas no âmbito dos grupos de trabalho criados para ressarcir as autarquias devido à perda do projecto do aeroporto.
Para já o governo adjudicou apenas um estudo prévio para a requalificação do IC 2 entre o Carregado e Vendas das Raparigas. Estas medidas incluem também as variantes ao Carregado e a Vila Nova da Rainha, bem com a requalificação da estada nacional 3 entre o Carregado e Azambuja, num total de 9 quilómetros que há muitos anos era reclamada pela Câmara de Azambuja.
Aliás, o próprio secretário de Estado reconheceu a necessidade destes investimentos. Algumas das razões apresentadas pelo governo para a requalificação da Estada Nacional 3 prendem-se com a segurança. O aumento da circulação de veículos pesados e os acidentes que têm ocorrido são algumas dos fundamentos segundo o governo para que aquela estrada seja intervencionada. Todavia Paulo Campos enumera que as novas estradas e requalificações que “irão mudar muito significativamente as acessibilidades ao município de Azambuja” são “Investimentos públicos que consideramos da máxima importância”, salientando o investimento privado realizado no local como outra das razões que levam o governo a investir.
Paulo Campos refere entretanto que “há muitas empresas que justificam que nós acompanhemos esse investimento privado com investimento público. Para dar mais condições a quem decidiu investir neste município para poder ver rentabilizado esse investimento”.
“Há ainda a salientar as ligações à Estrada Nacional 366 em Aveiras de Cima, a Rio Maior.,
Este investimento vai trazer também novidades para o concelho de Vila Franca de Xira, que contempla no futuro um nó de ligação à Auto-Estrada do Norte em castanheira do Ribatejo, para servir a Plataforma Logística de Castanheira do Ribatejo,
Neste pacote o governo quis lançar também o estudo prévio do IC 11 entre o Carregado e a A8, em Pêro Negro.
Segundo o governante, este será um importante investimento, orçado em 44 milhões de euros e irá potenciar novos acessos aos concelhos de Alenquer, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos e Vila Franca de Xira.
O governo quer ainda, no futuro, estudar novas ligações e variantes a Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte Agraço.
Para Paulo Campos estes investimentos da parte do governo, constituem um acto de justiça para com a região. O governante salientou que estes projectos são agora uma prioridade e que “queremos recuperar o tempo perdido com a indefinição da localização do aeroporto” que de alguma forma atrasou este tipo de investimentos.
Joaquim Ramos presidente da Câmara Municipal de Azambuja congratulou-se com estes investimentos, que há muito eram uma reivindicação da autarquia.
O autarca relembrou a história relacionada com a alteração da localização do projecto do aeroporto e as expectativas que tinham sido geradas até então. Contudo Ramos quis afirmar a sua convicção que “foi o interesse nacional que se sobrepôs na definição da nova localização do novo aeroporto de Lisboa” e voltou a lembrar as negociações com o governo para a construção de algumas acessibilidades no município.
Joaquim Ramos lembrou entretanto que o município de Azambuja tem um posicionamento estratégico no país. È atravessado pela linha do norte e pela auto-estrada do norte. Para além disso, noutros tempos, lembrou, o Tejo era uma grande via de comunicação, recordando o exemplo da construção do palácio das Obras Novas que em tempos serviu de entreposto comercial.

Casais (de)Baixo de fogo



Ao fim de cinco dias de combate ao maior incêndio do país até ao momento, os bombeiros de Azambuja fazem as contas. 374 Hectares de floresta ardidos, combatidos por mais de 300 homens, que apagaram um enorme fogo, que poderá ter tido origem num cigarro deitado pela janela de uma viatura na auto-estrada do norte



Um cigarro atirado de um carro em movimento na auto-estrada do norte, poderá ter sido a causa do primeiro grande incêndio do ano que lavrou em Casais de Baixo, concelho de Azambuja. As causas ainda não estão suficientemente claras, mas segundo Pedro Cardoso comandante dos voluntários de Azambuja, essa é até à data a causa mais plausível tendo sido investigada até à exaustão pelas autoridades.
Uma semana depois deste incêndio, que queimou 374 hectares de floresta, ainda eram visíveis os traços de um dos fogos mais violentos nos últimos anos em Azambuja. O Vida Ribatejana teve ocasião de acompanhar Pedro Cardoso, numa volta à floresta, ou ao que resta dela.
Num primeiro olhar, deu para ver o vasto pinhal e eucaliptal completamente cinzento, sem qualquer tom de verde misturado pela paisagem. Deu também para ter a noção das dificuldades que o terreno, acidentado e sem acessos, causou aos mais de trezentos bombeiros vindos de todo o distrito de Lisboa, Santarém e Leiria.
Aos poucos, explica Pedro Cardoso ainda visivelmente emocionado, o fogo foi crescendo “tivemos projecções de 800 metros” salienta o operacional vincando o empenho onde todos que combateram este sinistro.
A nossa viagem prossegue em direcção à auto-estrada do norte, o local onde tudo começou.
Ainda era sexta-feira, dia 4, e o sinal de alarme, não fazia prever o pior. Aos poucos os bombeiros foram-se deslocando para o local sem aparentemente pensar que um simples e banal fogo como tantos outros tomaria as proporções que mais tarde se vieram a revelar.
Pouco tempo depois chegavam reforços “este é forte” gritava um popular ao Vida Ribatejana, já depois de ter estado junto dos bombeiros.
De facto e para quem lá esteve, este incêndio não seria vulgar, nem fácil de dominar. As chamas já atingiam alguns metros de altura e foi num ápice que passaram de uma zona aparentemente controlada para o mato que estava à volta, isto através das projecções, ou seja algumas folhas de árvores a arder que caíam noutro local.
Nesta viagem ao centro de tudo, Pedro Cardoso foi enumerando as dificuldades passadas em quase cinco dias, tantos quanto durou o fogo.
Junto à auto-estrada ainda eram visíveis os restos de um primeiro combate ás chamas. Nada de especial terão dito alguns, aliás junto à auto-estrada terá ardido pouco, mas ao lado numa primeira vista de olhos o cenário era bem diferente. Centenas de pinheiros e eucaliptos queimados e sobretudo um mar de cinza que cobria toda a área como se uma pintura se tratasse. Um facto incontornável salienta o comandante “a Brisa, em presa concessionária da auto-estrada, apenas limpou cerca de um metro à beira da estrada. Tudo o resto ficou por limpar”. Algo que neste caso e segundo o operacional, teria feito toda a diferença.
A viagem continua. Voltamos a subir a serra. Onde antes existia o verde dos pinheiros e eucaliptos, agora existe um castanho acinzentado, acompanhado de intenso cheiro a queimado.
De um lado e de outro, tudo queimado, apenas subsiste o castanho claro da areia da estrada, talvez porque terá sido aberta durante o fogo, caso contrario teria a mesma cor cinzenta.
A poucos metros dali, Cardoso pára numa colina por momentos. Aponta com alguma resignação para horizonte, que visto dali parece o infinito e que se perde de vista entre as copas das arvores totalmente queimadas o azul do céu e o castanho da paisagem, lamentando o facto dos proprietários ainda não teremos a noção da necessidade de limpar as matas “mas isto fez com que alguns o fizessem de emergência. Para o ano se calhar voltamos ao mesmo” desabafa.
A inspecção prossegue e aos poucos, o operacional lá vai dando conta de mais dificuldades. Chegamos ao topo da serra, dali via-se tudo e com pormenores que até ali seriam impensáveis de ver.
Mesmo por cima de nós, uma linha de muita alta tenção. Não caiu nem esteve na origem do fogo, mas segundo a lei, existe a obrigatoriedade de haver uma limpeza à volta das torres “e como vê, não há aqui nada disso” esclarece o comandante.
Na mesma zona outra dificuldades. Com o eucaliptal plantado em socalcos, e com os ventos fortes “formou-se aqui o efeito chaminé” o que resulta em remoinhos de chamas e altas temperaturas.
Em poucos minutos encontramos um carro dos voluntários de Azambuja. É quinta-feira dia 9, e os voluntários ainda estão no terreno à espera de agir no caso de haver reacendimentos.
São cinco os elementos que esperam não ter de trabalhar, tal é o desgaste provocado nos últimos dias. Ainda aguardam um desfecho calmo e com o rescaldo total do fogo, poderem voltar para casa, para junto das famílias.
Ao lado fica a localidade de Casais de Baixo. Pedro Cardoso afirma que existiu o perigo do fogo devorar algumas habitações, mas o controle dos meios e a ajuda dos populares, colocou a salvo as casas e os habitantes, que também ajudaram no combate ás chamas.
Para muitos, este fogo representou “um abre-olhos, para que os terrenos sejam limpos” referiu um morador da localidade. Mas para outros “isto ainda vai acontecer mais vezes. Está tudo sujo por ai a cima” exclama um popular que com os nervos até preferiu não falar à nossa reportagem.
Para Pedro Cardoso, este foi um verdadeiro teste à operacionalidade dos meios, o qual passaram com distinção.
Tendo sido o maior incêndio do país até ao momento, o operacional deseja que este não seja um mau pronuncio para a época que está a chegar “mas estou um pouco céptico, pois tenho receio que isso venha a acontecer, porque o feno cresceu muito e os incêndios poderão propagar-se com muita violência e rapidez” afirma o comandante.