Thursday, February 07, 2008

Dois Tristes Tigres


Um casal de tigres provenientes do circo Chen, lançaram a confusão e alguns momentos de pânico em Azambuja, a passada quarta-feira.
Os dois animais fugiram de uma caravana, que por estar avariada, foi deixada em frente à Quinta da Marquesa em plena estada nacional 3.
Segundo Miguel Chen, proprietário do circo, em declarações ao Vira Ribatejana, os animais soltaram-se, enquanto o funcionário se deslocava ao Cartaxo para ir buscar água e comida para os felinos, e embora a viatura estivesse imobilizada desde as dez da noite de terça-feira, o alarme só foi dado pela madrugada, já perto das seis da manhã.
Alguns automobilistas, alertaram as autoridades locais, que em conjunto com os funcionários do circo estiveram envolvidas nas buscas, bem como todo um dispositivo de trabalhadores da Câmara Municipal de Azambuja e da GNR que comandou as operações no terreno.
Segundo Miguel Chen, os dois animais não eram perigosos, contudo o facto de não estarem no seu “palco” habitual, causou-lhes algum nervosismo, o que os tornou imprevisíveis.
Por volta das 7 da manha, e já com a luz do dia, os responsáveis do circo e os militares da GNR iniciaram as buscas. Os dois animais foram detectados bem cedo, mas a captura de um deles, uma fêmea com 120 quilos, tornou-se complicada.
O primeiro animal foi apanhado sem problemas ás 7.45 da manhã. Era o macho que não ofereceu qualquer resistência aos tratadores, que o conseguiram atrair para um local, onde posteriormente construíram uma jaula improvisada e embora o animal fosse manso, os responsáveis pelo circo optaram por enjaula-lo com algumas precauções. Ao longe foi possível a um ainda pequeno numero de populares testemunharem que a tenra idade do tigre ainda requeria algumas brincadeiras com os tratadores. Antes de entrar para a jaula, o animal ainda se enrolou na erva e brincou com algumas canas, como se de um gato doméstico se tratasse.
Localizado e imobilizado o primeiro felino, os homens avançaram em direcção à zona da guarita. Era lá que estava a Andra, uma fêmea nervosa e ferida numa pata, depois de tentar passar por uma cerca de arame farpado.
Durante mais de cinco horas, tratadores funcionários do circo e da autarquia tentaram em vão que Andra entrasse para uma outra jaula improvisada. Mas o animal estava nervoso e de vez em quando e sempre que assustava, irrompia contra uma pequena rede que a separava da estrada e das pessoas, lançando o pânico geral a todos que ai estava, desde jornalistas a militares da GNR, e funcionários da autarquia. O primeiro momento mais denso, foi quando um helicóptero de uma estação de televisão sobrevoou o local ficando nervosa e chegou a atirar-se para cima da rede com alguma violência.
Um segundo momento mais tenso, deu-se depois dos tratadores tentarem fazer com que Andra entrasse à força para a jaula, aí o animal assustou-se e chegou mesmo a vir à estrada, assustando também todos os que ali estavam, mas sem consequências.
O pesadelo só acabou quando chegaram os funcionários do jardim zoológico e do ICN (Instituto Conservação da Natureza) com os tranquilizantes para acalmar e resgatar o animal.
Foi então alargado mais uma vez o perímetro de segurança e o animal foi alvejado com dois tiros. O primeiro na pata dianteira, o segundo na pata traseira.
Minutos depois, a situação era dada como controlada e finalmente as centenas de curiosos, que entretanto foram chegando ao local e os inúmeros jornalistas presentes puderam respirar de alívio.
Esta situação está agora na mira das autoridades. Miguel Chen sustentou que na sua opinião, alguém terá aberto as jaulas aproveitando o facto do funcionário se ter ausentado, e mesmo sem querer apontar o dedo a alguém, diz desconfiar “Da concorrência” sublinhando que terá sido deixada uma corda numa das portas para que as jaulas não se fechassem.
Entretanto a GNR anunciou a abertura de um inquérito à fuga de dois tigres segundo o responsável do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente, o Major Jorge Amado que coordenou a captura do último tigre.
Jorge Amado, terá justificado o pedido de intervenção do ICN com a necessidade de um técnico veterinário com experiência em administrar tranquilizantes neste tipo de animais, uma vez que o veterinário municipal da câmara de Azambuja não o podia fazer em condições.
Aliás a própria autarquia não sabe a quem imputar os custos desta operação. Segundo José Manuel Pratas, vereador com a área da protecção civil, não consta do regulamento da autarquia este tipo de situações com este tipo de animais. Nesse sentido o vereador sublinhou que o caso será entregue aos serviços jurídicos para analisar a situação.