Sunday, March 04, 2007

Corte de Pinheiros motiva polémica


Perto de centena e meia de proprietários de Pinhal participaram na passada quinta-feira numa sessão de esclarecimento em Aveiras de Cima, sobre o nemátodo do pinheiro, que obriga ao abate de vários milhares de arvores para criar uma facha de contenção para que a praga não se estenda. Os ânimos estiveram várias vezes exaltados com os proprietários a acusarem o estado de má fé

Os proprietários de pinhal do concelho de Azambuja estão indignados com a direcção geral de recursos florestais(DGRF) . Em causa está o prazo dado para o abate das árvores, para conter o progresso do nemátodo do pinheiro.
Os técnicos salientam que o corte de uma facha de três quilómetros de diâmetro, numa extensão de 130 mil metros será, nesta altura a única solução.
Todavia, o grande problema dos proprietários, não passa pelo abate das arvores, mas pelo prazo dado para o fazer.
Segundo os técnicos presentes numa sessão de esclarecimento em Aveiras de Cima, foram fixados editais, onde a obrigação era “explicita” e sendo que nenhum dos proprietários da área abrangida procedeu ao corte, o ministério da agricultura decidiu avançar com um concurso público internacional, para adjudicar a alguma empresas esse trabalho. Porém os proprietários não se conformam, e nesta última sessão de esclarecimento, acusaram o governo “de má fé. Porque o edital para além de ter sido colocado na altura do natal, e só dar vinte dias para cortar os pinheiros, toda a gente sabe que a maioria destas pessoas que aqui estão não lêem os editais” disse um popular indignado, apontando o dedo aos técnicos, argumentando ao mesmo tempo que o estado deveria alargar os prazos para o abate.
Um dos técnicos explicou que o alargamento do prazo era impossível. O corte que tem como limite o dia 31 de Março, está condicionado por uma imposição da União Europeia, e por outro lado, não pode ser feito para além deste prazo, pois o mês de Abril, pode, devido ás condições climatéricas, proporcionar condições mais desfavoráveis no combate ao nemátodo.
Por outro lado este prazo, serve também para balizar os prazos de atribuição de subsídios a Portugal. Segundo os técnicos, caso os prazos sejam ultrapassados, Portugal arrisca-se a não receber qualquer quantia para fazer face ás ajudas no abate dos pinheiros.
Neste processo, houve mesmo quem sugerisse uma acção contra o estado, e que uma providencia cautelar seria um bom caminho, no entanto os técnicos salientaram a possibilidade de indemnizar os proprietários pelo corte das árvores.
Para já não há definida qualquer verba a pagar pelo abate dos pinheiros. Mas os técnicos garantem que o governo irá publicar nos próximos dias uma portaria que dará conta dos preços a pagar por cada árvore cortada.
Neste capitulo, os proprietários desconfiam do governo “se muitos de nós não temos as arvores declaradas, como é que o governo nos vai pagar?”. Os técnicos apenas garantiram que todos os pinheiros serão identificados, com fim ao pagamento das indemnizações.

Por outro lado, os proprietários estão impedidos por lei, de cortar os pinheiros, dado que o prazo para os cortar voluntariamente já acabou. E esta foi uma situação que fez aquecer os ânimos “não posso cortar? Isso é que vamos ver. No meu terreno não entra filho da puta nenhum. Aquilo é propriedade privada!” disse um proprietário já mais nervoso, explicando que o seu pinhal está na família há varias gerações e por isso o governo não pode decidir assim.
Há no entanto uma questão cujos proprietários gostariam de ver esclarecida. É que para serem indemnizados, a lei portuguesa terá de ser alterada e consonante com as directivas europeias. E embora os responsáveis pelo ministério tenham garantido que governo esta a trabalhar para que isso seja uma realidade, o que é certo é que os proprietários não confiam, e acusaram o estado de querer fazer negócio com a madeira das árvores cortadas “para onde é que vai a madeira dos pinheiros?” interrogou um participante. Os técnicos salientaram entretanto que em principio a madeira seria vendida para pagar ás empresas o trabalho do corte das árvores e o remanescente seria para pagar “um valor justo aos proprietários”, mas a resposta não foi de agrado para todos já que não conseguem perceber “então aquilo mal dá para nos, como é que vão dividir por dois. Isto é a gozar com as pessoas. Preço justo, uma porra, aquilo vai é para a casa de um gajo qualquer” disse João Lopes, um dos visados por esta medida.
Segundo os técnicos, foi elaborada uma zona de segurança chamada de “zona fitossanitaria” que englobará 19 municípios, numa área de perto de um milhão de hectares. No concelho de Azambuja, foram afectadas as freguesias de Aveiras de Cima, Manique do Intendente e Vila Nova de São Pedro. Também algumas zonas dos concelhos de Vila Franca de Xira, Alenquer e Santarém estarão nesta altura sob a mira dos técnicos do ministério da agricultura.

O Nemátodo do Pinheiro


O nemátodo ataca o sistema de circulação da árvore, enfraquecendo-a e tornando-a mais susceptível ao ataque de outras pragas.
O contágio ocorre através de um insecto vector (em Portugal o longicórnio do pinheiro – Monochamus galloprovincialis, que transporta os nemátodos nas traqueias). A dispersão da doença está limitada à altura, e capacidade de voo dos insectos (entre Abril e Outubro).
Ataca a generalidade das espécies de pinheiro e outras coníferas, à excepção do género Thuia. Algumas espécies de pinheiro, como o pinheiro-bravo, pinheiro-larício e pinheiro-silvestre são muito susceptíveis.
O adulto do insecto vector alimenta-se nos raminhos e rebentos de árvores adultas, arrastando consigo estados juvenis do nemátodo, que penetram por estas feridas. O nemátodo coloniza rapidamente os vasos do xilema, bloqueando o seu funcionamento, o que provoca a morte da árvore. Nas árvores mortas o nemátodo alimenta-se dos fungos que provocam o azulamento da madeira (do género Ceratocystis). As árvores debilitadas ou recentemente mortas atraem as fêmeas do insecto vector, que aí fazem a postura, podendo transmitir igualmente nemátodos. As larvas desenvolvem-se e transformam-se em adultos, os quais são colonizados por nemátodos antes destes abandonarem as árvores atacadas na, Primavera seguinte

Informação : CONFAGRI (Confederação Nacional de Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, CCRL)

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