Wednesday, May 23, 2007

Rancho Folclorico Ceifeiras e Campinos "50 anos de História"

O Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos de Azambuja, está a comemorar meio século de existência. O grupo tem à frente Miguel Ouro que com 30 anos de idade, decidiu imprimir um outro ritmo à colectividade.



Mesmo a completar cinquenta anos de existência, o Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos de Azambuja, está mais do que em forma.
Miguel Ouro, presidente da colectividade, assume que o “barco” não fácil de governar, mas acredita no esforço de toda a sua direcção e no empenho de todos os elementos que compõem o grupo.
O rancho está a passar uma boa fase. Desde há dois anos, o grupo já deu mostras de que está vivo, ao aparecer em inúmeras festas promovidas no norte a sul do país, e para além disso, segundo Miguel Ouro, naquela casa “respira-se cultura”.
Os primeiros passos na instituição foram no sentido de arrumar a casa, mas também de recuperar é de reordenar o grupo que há cinquenta anos representa Azambuja.
Em entrevista ao Vida Ribatejana, Miguel Ouro vinca que para além da boa saúde e das boas heranças deixadas por anteriores direcções, era necessário proceder a reajustes
O presidente do rancho sustenta que está em curso uma reestruturação “etnófloclórica” e que as mudanças já são visíveis no grupo.
Segundo Miguel Ouro, esta reestruturação que decorrem na grande parte dos grupos filiados na federação, tem como base aproximar o mais possível, os trajes dos elementos do grupo, daquilo que na realidade eram.
Os tempos mudam, e muitas das vezes, ao trajes também, e ao longo de muitos anos, os grupos foram perdendo algum “rigor” na forma de como vestiam os seus dançarinos.
Ouro explica que essa mudança é inevitável para a cultura dos grupos, e acrescenta no rancho de Azambuja “era tudo muito igual, mas não era representativa daquilo que era a Azambuja à época que nós representamos”. Há cem anos, diz o presidente do rancho, as roupas não eram exactamente como alguns ranchos apresentam “e tínhamos alguns erros no trajar do grupo. E o que nós fizemos foi contextualizar do que era a comunidade de Azambuja na altura”.
Para chegar ao mais elevado rigor ao nível dos trajes, os responsáveis do Rancho Folclórico de Azambuja, tiveram de pesquisar “em inúmeros livros e documentos que podem auxiliar, mas ao nível nacional”. No caso de Azambuja, Miguel Ouro salienta as fotos e os testemunhos de pessoas mais velhas “onde nos apoiamos”, e lembra que “assim foi fácil de perceber que há cem anos atrás, as raparigas não andavam de saias pelo joelho, mas pelo pés”, acrescentando ainda que muitos dos tecidos utilizados até aqui ainda não existiam na altura.
Nestas pesquisas, o Rancho também quis desmistificar a ideia da Ceifeira e Campino, como sendo as pessoas que só o eram por utilizar determinada roupa. Ouro explica que não eram ceifeiras “por utilizar um qualquer tipo de traje. Vestiam-se ao domingo de uma maneira, à segunda-feira de outra e fez-se um mito à volta da ceifeira, que era aquela mulher que usava a camisa branca e saia vermelha, mas podiam usar outro traje qualquer” e acrescenta que não existiam antigamente, dez mulheres ou campinos a vestirem-se de igual.
Miguel Ouro salienta que o Rancho tinha muitas coisas bem feitas. O responsável salienta que Sebastião Mateus Arenque “o grande mentor deste rancho, fez um grande trabalho de pesquisa ao nível das modas, que eram antigas, e aí não mexemos”.
O responsável diz que o trabalho não está terminado, e que “ainda há coisas por fazer”, mas assegura que os novos elementos que entrarem para o rancho, já terão um traje mais aproximado com a realidade de há cem anos.
Ao nível da dança também houve mexidas. O presidente do grupo salienta que muitas das modas eram tocadas de forma mais acelerada, mas também haviam instrumentos que não faziam parte do passado “o ritmo era exagerado. Ás vezes inclusive os mais novos tinham folgo para dançar certas modas”, vincando que por outro lado, incluíram as concertinas as harmónicas e as gaitas no contexto musical do rancho, assegurando que os acordeões, só apareceram na década de 50.
Miguel Ouro diz que a sua direcção está empenhada em “levar o barco para a frente” no que toca à reestruturação. O responsável salienta que o rancho não é só a dança “porque o folclore é o conjunto de usos e costumes, tradições, hábitos vivências, crenças, ditados e religiosidade. Dança é apenas uma das partes”.
Uma das metas, é demonstrar o verdadeiro significado do folclore, que não se esgota só na dança, diz Miguel Ouro. È importante “mostrar ás pessoas que isto é mais equilibrado”. Entre outros aspectos, importa, segundo o presidente, falar e demonstrar o que é o torricado “como se falava, o que as mulheres coziam… há uma série de coisas para demonstrar ás pessoas”.
O rancho de Azambuja está este ano particularmente mais activo. Para além dos vários eventos que promove, está também concentrado no futuro e para assegurar o futuro, Miguel Ouro foca a participação do rancho infantil, que em parte serve de viveiro ao rancho adulto.
O responsável salienta que o Rancho Folclórico “Rapazes da Grade e Raparigas da Monta” está num bom momento, e salienta que “tem uma nova ensaiadora que tem alguma experiência para trabalhar com crianças”. Os mais novos estão a ter um bom desempenho, tanto mais que quatro elementos já transitaram para o rancho adulto.
Todavia, Miguel Ouro acaba por ser um bom exemplo para os mais novos. o actual presidente do rancho só se alistou há 8 anos, contudo já tinha tido no passado uma efémera passagem pelo grupo.
A poesia, o fado e sobretudo a herança do pai, que já assumiu também funções de director naquela casa, “puxou-o” para a arte “embora seja tardio nestas andanças” assume e assegura que “quero que isto seja uma verdadeira representação das coisas como eram antigamente. E essa é a minha luta diária” embora assegure que a luta não fácil “porque estamos a mexer com mentalidades de pessoas mais velhas”.
Para o futuro, o Rancho vai lançar em breve um site na Internet, já remodelou e digitalizou o logótipo e ambiciona uma nova sede em breve.
A actual sede encerra um conjunto de memórias da vida das populações. Nas paredes são visíveis os vários troféus do grupo e algumas ferramentas para a lida do campo noutros tempos. Mas o que mais chama a atenção é uma cozinha antiga que parecem as cozinhas das nossas avós, e que é sempre o alvo preferencial dos que visitam a sede do rancho, no antigo matadouro municipal.
A autarquia, dona do espaço, já anunciou que em breve irá demolir o quarteirão onde se insere a colectividade, todavia, ainda não existem localizações alternativas.
“Não imagino quando teremos a nova sede, já falamos com o presidente da Câmara e apresentamos-lhe uma proposta” e acrescenta saber “que temos apoio da Câmara. a resposta é sempre sim, mas depois o concretizar é sempre tardio”.






A mostra das velharias

Desde há uns meses para cá que o Rancho de Azambuja em conjunto com a Câmara Municipal de Azambuja, está a levar a cabo uma venda/mostra de velharias.
O espaço não poderia ser melhor do que o novo jardim urbano de Azambuja.
Neste evento que decorre ao ar livre, pode encontrar-se de quase tudo. É por isso uma boa feira para coleccionadores.
José Amadeu, de 56 anos, veio de propósito de Almeirim, para ver a feira “está bem feita. Costumo ir a Lisboa. Já comprei um disco do Júlio Iglesias, não é muito antigo, mas ainda não o tinha”.
Também Joana Queiroz é da mesma opinião. Natural de Vila Franca de Xira, aproveitou o bom tempo para uma visita a um familiar que mora nas proximidades do jardim urbano de Azambuja.
Debaixo do braço, já tinha alguns livros e revistas antigas e um candeeiro para o meu hall “é que gosto de coisas rústicas e um candeeiro destes por 20 euros é uma pechincha”.
Nesta feita encontra-se de tudo. Livros, discos, CD, material para decoração e muitos outros objectos curiosos, como é o caso de um telefone do inicio dos anos 50, comprado por Joaquim Andrade por 30 euros “ e que vai ser uma prenda para o meu filho”.

O Torricado

Para não deixar cair a tradição. O Rancho de Azambuja promove anualmente a “Festa do Torricado”.
Trata-se de uma iniciativa de carácter gastronómico, que se realiza na poisada do campino. Ao longo de um fim-de-semana, as portas da poisada são abertas a todos que queiram degustar o prato, que anteriormente era dos pobres, mas tem-se assumido cada vez mais como uma iguaria para todos os estômagos e sem distinção de classes.
Perde-se no tempo a origem deste prato.
Habitualmente associado ao campo, o Torricado é um prato típico do Ribatejo.
Contam os mais velhos que o Torricado nasceu da necessidade de “matar” a fome aos trabalhadores do campo que ficavam muitos dias sem ir a casa. Por isso aproveitavam o pão duro, colocavam-no sob as brasas. Depois untavam-no com azeite e colocavam uma posta de bacalhau em cima.
Dizem os mais velhos, que antes apenas se usava bacalhau para confeccionar o torricado, mas os gostos refinaram-se e hoje em dia há quem o faça com febras de porco ou de vaca.

1 comment:

Grupo de Concertinas said...

ola a todos!!gosto muito dos ranchos da vossa zona, se puderem passem pelo blog do nosso grupo http://grupodeconcertinas.blogspot.com/