Sunday, January 07, 2007

GNR identifica e camara resolve situação preocupante de idoso


Nem sempre quando a GNR bate à porta, é sinal de má noticia. Desta vez o núcleo da escola segura detectou um idoso a viver em condições preocupantes. Dois meses depois Manuel Jóia, está ao cuidado do Centro de Dia da Casa do Povo de Manique do Intendente, e tem uma vida quase normal.





Manuel Jóia pode se considerar uma pessoa com alguma sorte. Aos sessenta anos, o idoso vou a sua vida mudar radicalmente, quando a GNR lhe bateu à porta. Os soldados da Escola Segura de Azambuja detectaram o idoso a viver numa situação preocupante e de imediato iniciaram demaches no sentido de dar melhores condições de vida aquela pessoa.
Manuel Jóia vivia numa barraca em Vale Carril, freguesia de Alcoentre.
No anos setenta, depois de regressar da guerra colonial na Guiné, adquiriu uma pequena porção de terra, onde mais tarde vinha a erguer um pequeno edifício. Sem luz, ou água canalizada, Manuel Jóia, foi vivendo os últimos 30 anos à margem e à espera que a vida melhorasse.
Contudo o idoso, ainda mal refeito das maleitas que a guerra lhe trouxera, viu a sua vida degradar-se. Nos últimos anos, dizem os vizinhos, entregara-se à bebida, mas sempre lhe reconheceram um espírito combativo, que o tem levado, apesar das agruras da vida, a bom porto.
Manuel Jóia, vive agora o medo de ficar sem a sua casa. O terreno que comprou, não tem delimitadas quaisquer estremas, e por isso torna-se difícil saber onde começa ou acaba.
A situação agravou-se quando viu um vizinho reclamar o terreno como seu.
As técnicas sociais da Câmara Municipal de Azambuja, têm feito diligências para resolver o assunto. Segundo a assistente social Cristina Maurício, “o vizinho do senhor Jóia colocou o assunto em tribunal” e é do tribunal que depende agora o senhor Jóia, já que tem em seu poder os papeis que comprovam a aquisição do terreno.
Assim que a autarquia teve conhecimento do caso, tentou encontrar uma solução para o idoso.
Na barraca em cimento onde ainda vive, tem alguns objectos pessoais dos quais não se quer desfazer. A casa precisa de uma reparação e de uma limpeza, “mas nada pode ser feito sem que o tribunal se pronuncie” refere Cristina Maurício.
Os acessos à casa de Manuel Jóia não são fáceis. Para lá chegarem, as pessoas têm de atravessar um terreno de cultivo, e foi o facto da casa ter um aspecto de abandono, que nunca levantou suspeitas que ali morava alguém.
O caso de Manuel Jóia foi detectado em Agosto pela GNR, mas só em Outubro é que foi parcialmente resolvido, dado não haver condições físicas para acolher esta pessoa nas instituições limítrofes.
Actualmente Manuel Jóia “está perfeitamente integrado” referiu Pedro Moita responsável pelo Centro de Dia da Casa do Povo de Manique do Intendente.
O responsável tinha algum receio que o idoso não se adaptasse “mas correu tudo bem. Já fez amigos, e passa o tempo a ler, escrever e conversar” deixando para trás “o vício da bebida, talvez por não ter ninguém para conversar durante o dia”.
Manuel Jóia, mostrou-se contente por estar na instituição “tratam-me bem. A comida é boa, gosto de estar aqui” disse ao Vida Ribatejana.
Por outro lado, não se consegue abstrair dos problemas que tem tido com a sua casa “a culpa não é minha. Eu tenho os papéis todos. Não sei porque é que o imigrante está a fazer aquilo” disse referindo-se ao vizinho com quem partilha parte do terreno e que quer também o local onde está a sua casa.
Pedro Moita, refere ainda que Manuel Jóia é um homem sociável. Diz ter conhecimento das intervenções que estão a ser feitas junto do tribunal para que o assunto seja rapidamente resolvido. Enquanto não há qualquer resolução, Manuel Jóia vão continuar a passar os dias no Centro de Dia da Casa do Povo. É lá que faz a sua higiene diária, e faz as refeições.
Pedro Moita, salienta ainda o empenho da sua irmã e sobrinho. O papel da família tem sido importante neste caso, embora o senhor Manuel tenha continuado a preferir estar na sua casa, em vez de ir para casa dos familiares.

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