Sunday, January 07, 2007

Inquilinos não conseguem pagar rendas


A grande parte dos moradores do bairro social da Quinta da Mina em Azambuja, queixa-se da vizinhança. Mas sobretudo queixa-se que em parte foi “abandonada e misturada” com pessoas da etnia cigana “que não sabem seguir regras” referiu uma moradora ao Vida Ribatejana que não quis ser identificada.



Os problemas têm sido muitos entre vizinhos e por isso os moradores não gostam de dar a cara, com medo de represálias dessas famílias.
À nossa reportagem, a moradora disse ser do conhecimento das autoridades o que se passa no lote quatro, o lote habitado por famílias de etnia cigana.
De noite “temos medo porque os ciganos, chamam nomes aos miúdos e metem-se connosco. E já não é a primeira vez que há aqui desacatos” disse.
Outra moradora referiu ao Vida Ribatejana que “estava melhor no Alto da Torre. As casas eram ilegais, mas não via este mau ambiente” por outro lado sublinhou que “o mau ambiente é sobretudo com os ciganos. Aqui há uns tempos partiram o café quase todo, por coisa nenhuma”disse.
Mas na generalidade, os moradores estão contentes com as casas. Garantem ter melhorado a qualidade de vida mas nem sempre é assim.
Outra das queixas, são as rendas que os moradores consideram elevadas. A Câmara tem feito demaches no sentido de cobrar as rendas aos inquilinos, mas na maioria das vezes não é bem sucedida.
Há ainda casos de que os moradores têm puxadas ilegais de luz, a partir das escadas do condomínio, e outros exibem sem qualquer pudor Bypass de água, sem passar pelo contador.
São estas algumas situações já detectadas pela autarquia, e verificada em loco pela comunicação social, numa das visitas promovidas pela Câmara ao local.
Para além da água e luz, e ausência de qualquer pagamento de renda “eles (os ciganos) arrancam os tacos do chão para fazer fogueiras. Há quem retire as portas para queimar, e fazem fogueiras no meio da sala num primeiro andar” referiu um morador que não quis ser identificado.
Esta é uma das razões pelas quais, Luís de Sousa, vice-presidente da Câmara, considera ter havido erros no PER. As questões culturais das famílias de etnia cigana e de outras, não foram acauteladas, o que deu azo a este tipo de situações “de falta de integração”. É por isso que a Câmara ainda está à procura de um terreno, para realojar essas famílias. Luis de Sousa, garante que a procura continua e que está a ser feita em colaboração com o patriarca dessas famílias que também já mostraram o desejo de abandonar os prédios.
Por outro lado há casos de manifesta incapacidade de cumprir os pagamentos. É o caso de Rosalina Lopes mãe de sete filhos, entretanto a maior parte já casados, e cujas dificuldades financeiras se agravaram nos últimos anos.
Ao Vida Ribatejana, a munícipe garante se fosse hoje “não saia de lá”. Até porque tinha mais terreno, que embora fosse propriedade da EPAL, era muito mais feliz:
Rosalina Lopes garante por seu lado que a sua vida mudou radicalmente “E está cada vez pior”, alegando que nesta altura não tem dinheiro para pagar a renda da casa, que está atrasada três anos e que espera a qualquer momento ser despejada pela autarquia.
Os últimos anos na casa de Rosalina não têm sido fáceis. Actualmente são quatro pessoas a viver do dinheiro dos “biscates” de um dos filhos consegue.
Para agravar a situação, o marido de Rosalina está preso a uma cama, com um tumor e dois dos filhos são aditos.
Um é toxicodependente o outro é alcoólico, e embora este último trabalhe, a vida acaba por não sorrir a esta família.
Rosalina confirmou entretanto que existe em marcha um plano de pagamento para as rendas atrasadas “dávamos três contos por mês da renda atrasada. Mas eu não tenho dois, quanto mais três contos”, para uma renda que se fosse cumprida não chegaria a perto de 20 euros.
Rosalina Lopes reconhece que está em divida, mas acrescenta que a doença do marido, um tumor, tem levado a maioria do dinheiro que a família ganha, e diz por isso que o pouco que vai havendo é para a comida do dia-a-dia.
Com os olhos postos no passado, Rosalina, garante que a casa que habitava no Alto da Torre, tinha melhores condições. Era mais ampla, e o terreno onde estava construída era da EPAL “por isso devia ter sido a EPAL a colocar-nos de lá para fora e não a Câmara”.
O futuro, diz que vai aguardar com expectativa. Já assumiu que não consegue pagar a renda e diz que se a Câmara partir para o despejo “vou acampar para o largo da Câmara, ou dormir para debaixo da ponte”disse.

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